Os testes sugeridos por Einstein (e outros testes subsequentes) não apontam problemas com a teoria da relatividade geral. Assim podemos tornar nossa atenção sobre previsões mais surpreendentes.
Temos
Assim vemos que o tempo próprio
2. Ondas gravitacionais
Na teoria de Newton, a interação eletromagnética ou gravitacional
é instantânea. Na relatividade isto não é possível. Nós já argumentamos
(aula 9) que uma carga deslocada deve emitir um fóton ou, em outras
palavras, cargas aceleradas emitem radiação eletromagnética. Da mesma
maneira, uma massa acelerada emite ondas gravitacionais.
Uma maneira de visualizar estas ondas é a seguinte. Voltamos a nossa banda de borracha esticada da aula 11. Imaginamos um sistema binário sobre ela, um par de bolas em movimento uma ao redor da outra. Enquanto elas se movimentam, ondulações se propagarão sobre a banda de borracha. Estas ondulações são uma visualização das ondas gravitacionais.
No universo, podem existir vários tipos de fontes de ondas gravitacionais como por exemplo sistemas binários (2 estrelas de nêutrons, 2 buracos negros ou 1 estrela de nêutron e 1 buraco negro) colapsando, buracos negros supermassivos, remanescentes do big bang.
Como detectar estas ondas gravitacionais? Se uma onda gravitacional encontra um bloco de matéria, este bloco experimenta um pequeno tremor. Existem experiências em andamento no mundo para tentar detectar esse tremor. O Brasil também participa deste esforço como explicado pelo professor Aguiar na sua palestra do Convite à Física de 2005. Por enquanto nenhuma destas experiências detectou ondas gravitacionais, desta maneira direta. Mas isto não é motivo para desanimar: acredita-se que o sistema binário contendo o pulsar PRS1913+16 emite ondas gravitacionais. Neste caso, isto é visto de forma indireta, por um minúsculo decrescimento no período orbital do pulsar e portando de sua órbita, o que ocorre pois ele perde energia emitindo ondas gravitacionais. O artigo ``Gravitational Waves from an Orbiting Pulsar", de Weisberg, Taylor and Fowler, publicado na revista Scientific American em outubro de 1981, traz mais informações. Hulse e Taylor descobriram este sistema em 1974 e receberam o prêmio Nobel em 1993. Clique aqui para maiores detalhes do pulsar PRS1913+16 (em inglês).
3. Cosmologia.
Na escala cósmica das galáxias, a gravidade é a força dominante. Já em 1917, Einstein aplicou a relatividade geral para modelar o comportamento do universo como um todo. Naquela época, sequer estava estabelecida a existência de galáxias diferentes da nossa. Também se desconhecia a expansão do universo, de forma que Einstein adicionou um termo às suas equações, chamado ``termo cosmológico'', para obter um modelo estático (a ``maior besteira'' da sua vida, segundo ele, mas hoje em dia este termo cosmológico voltou a ficar em moda, clique aqui para saber o porquê.
Em 1922, o russo Friedmann mostrou que sem o termo cosmológico adicional, existem modelos do universo em expansão. Em 1929 o astrônomo Hubble, baseado em suas observações, sugeriu que o universo estava mesmo em expansão. Einstein formalmente abandonou seu termo adicional num artigo de 1930.
O intervalo de espaço-tempo para estes modelos de universo em expansão
(usando o fato de que o ``fluido'' de galáxias parece ser homogêneo
e isotrópico em grandes escalas) é dado pela métrica de Friedmann-Robertson-Walker:
O parâmetro de expansão
é conhecido como o parâmetro
de Hubble, (seu valor atual
é conhecido
como constante de Hubble). A figura abaixo mostra um gráfico da velocidade
das galáxias em função da posição obtido por Hubble. Note que quanto
mais afastada a galáxia se encontra, maior sua velocidade de afastamento.
A taxa de expansão do universo obtida por Hubble através deste gráfico,
dada simplesmente pelo coeficiente angular da reta, vale
,
onde
(se lê megaparsec) é uma medida de distância e vale cerca
de
anos luz. Apesar da conclusão de Hubble estar
correta, o valor encontrado por ele está muito distante do que medimos
hoje, ou seja,
. A figura abaixo mostra o
mesmo gráfico, conhecido hoje como diagrama de Hubble, para medidas
mais modernas.
Hoje acredita-se que o universo tem curvatura nula e está em expansão acelerada, mas esta visão pode mudar. Mais sobre este assunto pode ser encontrado na palestra do Prof. Abramo no Convite à Física de 2005.
Ronaldo Carlotto Batista 2006-06-22